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A Teimosia.
O PRIMEIRO AMOR.
Filho de pais bens sucedidos, sou o caçula de cinco irmãos e quando nasci meu pai já tinha alcançado a idade de sessenta e seis anos. Meu pai faleceu aos setenta e seis anos e desta forma, no ano de 1956, começamos a pensar de uma forma diferenciada e todos nós tivemos que começar a trabalhar muito cedo.
Comecei a trabalhar em rádio e posteriormente na televisão. Trabalhei nas rádios Continental, Metropolitana, Rio de Janeiro, Copacabana e Carioca. Em televisão na Continental, na Tupy e na Excelcior. Tive chance também de trabalhar em cinema nos estúdios da Cinédia.
Na televisão, minhas passagens foram rápidas, no canal 2, TV Excelsior e no canal 9, TV Continental, atuei na parte técnica e no canal 6, TV Tupy, como locutor de cabine.
No rádio minha permanência foi maior, destacando a Copacabana onde fiquei até concluir meus estudos.
Jovem, bem falante, num emprego que, de certa maneira, causava inveja aos colegas e amigos, tive muita dificuldade em administrar o que Deus estava fazendo na minha vida, com a realidade do meu dia a dia.
Primeiro, ardia no meu coração o ‘’primeiro amor’’, a minha recente conversão e a determinante de ser eu filho do Rei.
Meu maior conflito foi exatamente na rádio Copacabana. Era a única rádio que oferecia espaço aos pastores e evangelistas sem nenhuma objeção. Outras alugavam espaços para igrejas, mas nenhuma como a Copacabana. Meu problema era entender como a rádio Copacabana, eminentemente espírita, seus estúdios eram na sede da Federação Espírita do Rio de Janeiro, se dispunha a pregar o evangelho sem restringir o combate veemente da linha kardecista bem como os espiritualistas, de alguns pastores e líderes apresentadores. Aquilo tudo confundia muito a minha cabeça, pois vivia os primeiros momentos de minha conturbada conversão.
Estava na fase de que tudo que não era bom não vinha dos céus. Estava difícil, afinal vivia o ‘’primeiro amor’’.
Consegui entender em parte, considerando o lado comercial da coisa, afinal ali era meu emprego. Abri a mente para que fosse enriquecida com as pessoas que por lá passavam e que tive a oportunidade de conhecer. Foram muitos, Francisco Silva, com o programa Desperta Brasil, Josias Menezes, com o Peça seu Hino Preferido, Isaias de Souza Maciel, com o SASE, Joel Ferreira e Braz Francisco de Souza com a Hora da Libertação e o querido Samuel Chagas da Batista do Calvário.
Não sei se no período em que fiquei na Copacabana, enriqueci meus conhecimentos ou enfraqueci meus tratos litúrgicos, pois convivia com todos os expoentes. Realmente conheci de tudo: de Amantino Adorno Vassão, líder presbiteriano, a Gildo de Araújo, pastor do Brasil para Cristo, um dos primeiros movimentos neopentencostal, completamente diferente do que se vê hoje do neopetencostes para o qual sou ouvidor, estudioso e ferrenho praticante.
Tentando ainda acreditar no ‘’primeiro amor’’, procurava de todas as formas esquecer o que via e muitas vezes presenciava, para que isso não viesse abalar a minha experiência de salvação. Estou narrando, confesso com alguma dificuldade, uma situação de um jovem recentemente abençoado de uma forma gigantesca, (lembre do episódio do acidente de trânsito), mas que em razão de sua juventude, trabalho e mocidade, vivia um conflito enorme em sua mente onde, em algumas ocasiões sem conseguir discernir a voz de Deus, de seus próprios pensamentos e vontades. Isso era terrível!
Como se não bastasse, a igreja no Grajaú ia crescendo de vento em popa. O Senhor não poupava maravilhas, libertando, curando e salvando vidas.
Aí surgiu um problema.
Como a igreja era capitaneada por um seminarista, todos os meses o pastor Nadir, da Igreja Metodista Wesleiana de Niterói, vinha ao Grajaú administrar a Santa Ceia. A igreja crescia em um ritmo que só se justificava pela Graça de Deus e pela operação do Espírito Santo.
A cada visita mensal do pastor eram recebidos sempre mais uma dezena de novos membros. Estávamos com trabalhos nos morros do Andaraí, Divinéia e Caçapava. Alguns membros na igreja, oriundos da Igreja Metodista de Vila Isabel, sustentavam os trabalhos no Grajaú com as suas contribuições, dízimos e ofertas de forma tão grandiosa e generosa que a igreja, a mais nova das wesleyanas, além de ter vida própria com excelentes e confortáveis instalações no salão, exercia um vasto trabalho social nas comunidades carentes.
Um belo dia, eis que aparece de surpresa a direção wesleyana em nossa igreja, levando a tiracolo um pastor para tomar posse no Grajaú. Não oferecemos nenhuma resistência, já que sua vinda não geraria nenhum ônus para a igreja, uma vez que o pastor era proprietário de um colégio em Niterói e contemplaria nossa necessidade mensal na ministração da ceia.
Ledo engano, o pastor acabou com os programas de rádio, eliminou dois pontos de pregação e estipulou a sua remuneração, pois o colégio ia mal. Isso foi o caos instalado entre os membros do Grajau, gerando uma divisão insustentável entre os que vieram da própria nação metodista buscando os dons espirituais e os novos convertidos que a todas as atitudes pastorais aceitavam como dádiva dos céus.
Foi formada uma discussão ferrenha entre as autoridades eclesiásticas e os irmãos doadores. Brigavam pelos pertences doados e instalados como ventiladores, púlpito, cortinas e equipamentos de som.
Eram aproximadamente vinte e três horas e eu tinha de estar na rádio Copacabana a meia noite. Estava na última fila de bancos do salão próximo da entrada principal sem participar e entender o que estava acontecendo. Saí de tal forma que ninguém observou minha retirada.
Não justifico por este episódio, nenhuma atitude que tomei depois daquela noite na igreja, mas com certeza, o que vi, ouvi, e presenciei, certamente atingiu em cheio o meu coração. Jamais podia imaginar pastores, presbíteros e diáconos quase entrando em luta corporal na defesa de bens pecuniários doados por homens e mulheres que um dia alcançaram bênçãos sem precedentes para as quais o Senhor tinha me usado. Eu estava no auge da minha juventude e minha cabeça girava a mil por hora lembrando a visita que Jesus fez ao templo quando expulsou de lá os mercadores.
Com certeza nada conseguiu me atingir afora o frenético desejo avestruz de enfiar a cabeça num buraco e esquecer tudo que até então tinha conhecido e vivido, tamanha era a minha vergonha. Jamais podia imaginar a ocorrência daquela confusão partindo de líderes que tanta influência exercia em minha vida e na minha profissão de fé.
Vários amigos me procuravam e diziam, não olhe para o homem, mire sua vida em Jesus. A vida é assim mesmo.
As frases prontas estavam minando por todos os lados, mas o que eu queria não estava conseguindo obter. Queria um colo, queria um amigo, queria alguém que me orientasse sem me acusar, sem tentar me convencer que é assim mesmo que acontece, que o homem falha, que a igreja erra. Estava desacreditado de tudo. Queria alguém que me pegasse pela mão e me dissesse, olha vamos orar, somos filhos do Rei, vamos nos cobrir de cinzas e suplicar pela misericórdia do Deus Altíssimo.
Não, ninguém me procurou com estas palavras.
Recebi sim vários telefonemas cada um se desculpando de sua ação destemperada e acusando o seu irmão na fé. A única passagem que ardia no meu coração era a que registra:
“... não é bom o litígio entre os irmãos!”
Você acostumado a ouvir tantas palavras bonitas e confortadoras, deve estar se perguntando:
"Porque um pastor tem a coragem de escrever o que estou lhe revelando?"
Normalmente o que se escreve conforta em muito, pois tem sempre aquilo que queremos ler.
Omite-se a verdade deixando quase sempre que o nosso pensamento nos oriente e negligenciemos a real necessidade de dependermos de Deus em tudo, em tudo mesmo.
Vou lhe responder um pouco mais a frente, esta pergunta e muitas outras nestas anotações.
O fato que quero deixar agora registrado no seu coração é que o ocorrido narrado neste capítulo foi ótimo para satanás uma vez que fiquei distante da Graça do Senhor por mais de treze anos.
Precisaria de muito papel para escrever tudo que aconteceu nesse tempo longe, ou melhor, teimando em ficar distante dos caminhos do Senhor, achando como muitos, que podia decidir sozinho o que fazer da minha vida. Vou resumir e contar o que a meu juízo, merece algum destaque, embora muitos possam até discordar, imaginando,
‘‘... poxa eu não sou cristão ou, não fiz nenhum voto reconhecendo Jesus como meu Salvador e vivo muito bem...’’,
Posso lhe garantir por experiência própria, que tudo pode ser melhor ainda do que você possa imaginar, se Deus estiver no controle e você consiga buscar ajuda ao nosso melhor amigo, o Senhor Jesus, garantido através de suas próprias orações a Ele, a manutenção em sua vida do "primeiro amor".